Sabias que…
… o homógrafo baseia-se no sistema de telégrafos de semáforos, inventado pelo engenheiro francês Claude Chappe em 1793?
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… os telégrafos de semáforos destinavam-se a ser usados pelos militares franceses, mas rapidamente se espalharam por toda a Europa?
… os telégrafos de semáforos eram estruturas mecânicas, com braços, colocadas no cimo de torres ou edifícios?
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… os franceses chegaram a ter uma rede de 556 estações de telégrafo de semáforos, cobrindo uma distância total de 4 800 quilómetros?
… o homógrafo é, também, conhecido como “sinalização homográfica” ou “sinalização semafórica”?
… as bandeiras devem ser quadradas, com cerca de 45 cm de lado, com duas cores separadas pela diagonal?
… as cores a usar são o vermelho e o amarelo, ou, em alternativa, o branco e o azul?
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Em noventa minutos consegue-se, com relativa facilidade, treinar uma Patrulha de Exploradores para ficarem aptos a transmitir e receber mensagens em homógrafo com destreza e rapidez. Nos passos que a seguir se descrevem, não são dadas todas as letras do homógrafo, nem todos os pormenores técnicos correctos, mas apenas o necessário para permitir aos jovens dominar minimamente, em cerca de noventa minutos, este sistema de sinalização.
1º Passo – Material necessário
O homógrafo pode ser ensinado e treinado sem o recurso às bandeiras, bastando utilizar as mãos. Será interessante ter, nem que seja apenas para demonstração, um par de bandeiras. Convém ter uma lista de palavras para usar durante o treino, em especial para os três primeiros ciclos. Aos escuteiros poderá ser dado um cartão ou folha com as letras e respectivas posições de braços.
2º Passo – Bandeiras e posições
a) Começa-se por explicar, exemplificando, que o homógrafo funciona com os braços em posições que variam entre si em ângulos de 45º, organizando-se por ciclos. Deve alertar-se para o cuidado a ter com as posições dos braços, que devem ser bem definidas, para não causar dúvidas ao receptor.
b) Explica-se como se seguram as bandeiras correctamente, com a haste no prolongamento do braço, ajudando com o dedo indicador.
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Correcto | Incorrecto |
c) Demonstra-se a posição dos pés, afastados um do outro, para dar maior equilíbrio.
3º Passo – Primeiro Ciclo (A-G)
a) O Chefe exemplifica todas as letras do primeiro ciclo, de A a G, com toda a Patrulha a acompanhar, repetindo os movimentos. Caso haja alguma dificuldade inicial, o Chefe pode colocar-se de costas para os escuteiros.
b) Deve alertar-se para o cuidado a ter na letra D, em que a mão direita deve subir bem acima da cabeça, para ser bem vista ao longe.
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Incorrecto | Correcto |
Para se ver bem ao longe, é preciso elevar bem a mão acima da cabeça |
c) Depois de algumas repetições, sempre com letras alternadas, o Chefe apenas diz as letras e os escuteiros tentam executar os movimentos correctos.
d) Quanto estes estiverem razoavelmente bem sabidos, e para dar descanso aos braços dos jovens, o Chefe transmite as letras e os escuteiros tentam adivinhar.
e) Para finalizar o primeiro ciclo, o Chefe transmite algumas palavras, para os escuteiros tentarem receber. Exemplos de palavras: abade, abafa, afaga, baba, baga, bebé, bege, cabaça, cabeça, caça, café, cega, cegada, década, faca, face, fada, geada. Acentos e cedilhas transmitem-se repetindo a letra (duas letras “c” significa “ç”).
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Exemplo do cuidado de rodar o corpo, a ter com a letra I
4º Passo – Segundo Ciclo (H-N)
a) O Chefe exemplifica todas as letras do segundo ciclo, de H a N, com toda a Patrulha a acompanhar, repetindo os movimentos. A letra J virá mais à frente.
b) Deve alertar-se para o cuidado a ter nas letras H e I: para que melhor se veja ao longe a posição dos braços, deve rodar-se o corpo para a direita.
c) Tal como para o primeiro ciclo, depois de os escuteiros acompanharem o Chefe nos movimentos, o Chefe indica letras para os escuteiros transmitirem e, depois, estes tentam adivinhar letras transmitidas pelo Chefe.
d) Neste ciclo, há duas letras de fácil memorização pela posição dos braços: a letra I, que parece uma tesoura, e a letra N, na qual os braços parecem fazer as pernas da letra minúscula.
e) Depois de já serem razoavelmente bem conhecidas as letras do segundo ciclo, podem exercitar-se as letras dos dois ciclos (A-N), ao acaso.
f) Para terminar, o Chefe transmite algumas palavras, para os escuteiros tentarem receber. Exemplos: abelha, bela, bife, cabide, cama, cana, cima, galinha, ilha, lenda, lenha, lima, maca, mala, malha, menina, minha, nada.
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A letra R é uma das mais fáceis de memorizar.
4º Passo – Terceiro Ciclo (O-S)
a) O Chefe exemplifica todas as letras do terceiro ciclo, de O a S, com toda a Patrulha a acompanhar. Com a letra O deve ter-se o mesmo cuidado que com as letras H e I, e com a letra P o mesmo cuidado que com a letra D.
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Exemplo do cuidado de rodar o corpo, a ter com a letra O
b) Treina-se a transmissão e recepção, de letras alternadas, tal como feito para os ciclos anteriores.
c) Treinar um pouco com as letras dos três ciclos (A-S).
d) Neste ciclo, há uma letra de fácil memorização: o R, com os dois braços na horizontal.
e) Com as letras dos três primeiros ciclos, já se podem construir centenas de palavras. O Chefe escolhe algumas, para os escuteiros transmitirem, todos ao mesmo tempo e sincronizados, sendo aconselhável que o Chefe vá soletrando as palavras, lentamente, para que os escuteiros se possam corrigir.
f) Exemplos de palavras: almoço, barco, barco, boca, bornal, campo, canoa, capela, carro, crocodilo, dado, dinheiro, falcão, feio, foca, fogo, fósforo, golo, horas, insígnia, lobo, médico, mensagem, mesa, mocho, morse, panda, pioneiro, porco, raposa, relógio, saco, sino, socorro, sopa.
g) Por fim, o Chefe escolhe palavras e transmite-as para os escuteiros receberem. Nesta altura, é muito provável que mais de metade dos escuteiros sejam capazes de decifrar as palavras todas, mesmo que transmitidas com uma cadência acelerada das letras.
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5º Passo – Últimas letras
a) Podem exemplificar-se as restantes letras usadas no vocabulário português (T, U, J, V, X e Z), seguinte a mesma metodologia usada anteriormente.
b) Podem relembrar-se algumas letras, com algumas características especiais: o N, o R e o U, onde existe simetria na posição dos braços; o J que é o “contrário” do P; o M que confunde facilmente com o S; o I em “tesoura”;
c) O Chefe transmite algumas palavras para os escuteiros receberem.
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6º Passo – Jogos
Os jogos a seguir descritos podem ser usados com várias Patrulhas, ficando estas afastadas umas das outras mais de dez metros, e todas elas posicionadas a mais de trinta metros do Chefe. Destinam-se a apurar a capacidade de recepção dos escuteiros.
a) Animais – o Chefe transmite o nome de um animal e a primeira Patrulha a imitar o som desse animal ganha um ponto. Exemplos: cão, gato, águia, tigre, mocho, vaca, ovelha, cavalo, galinha.
b) Acções – o Chefe transmite uma acção e a primeira Patrulha a executá-la (todos os elementos) ganha um ponto. Exemplos: saltar, sentar, rir, rebolar, deitar, marchar, chorar, beber, ganir, mugir, desmaiar, cantar, bocejar, uivar, dançar, tossir, palmas.
c) Objectos – o Chefe transmite o nome de um objecto e a primeira Patrulha a tocar nesse objecto ganha um ponto. Exemplos: tenda, panela, cantil, mochila, canivete, colher, vara, lata, sisal, bandeirola, lanterna.
d) Números – o Chefe transmite um número por extenso e a primeira Patrulha a formar esse número, no chão, com os corpos dos elementos, ganha um ponto.
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7º Passo – Preparação de um posto
Sugere-se que uma estação para transmissão e recepção de mensagem em homógrafo seja composta por três elementos, que trabalham em equipa.
a) Na recepção, os elementos A e B não tiram os olhos do posto que transmite e ditam as letras que recebem, as quais são apontadas pelo elemento C que não tira os olhos do seu caderno. Caso haja letras com dúvidas, deixa-se um espaço em branco, para posteriormente tentar-se adivinhá-las pelo sentido da palavra ou frase.
b) Na transmissão, o elemento D faz os movimentos de braços, o elemento E soletra-lhe as palavras e o elemento F, um pouco afastado, dá-lhe indicações para corrigir posições dos braços.
8º Passo – Transmissão entre postos
Sugerem-se os seguintes procedimentos na transmissão entre postos.
a) Entre cada palavra, as bandeiras descem, durante dois segundos, para a posição de “pronto”.
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Posição de “pronto”, com as bandeiras em baixo
b) Para chamar a atenção do outro posto e avisar que vai começar uma transmissão, agitam-se os braços/bandeiras acima da cabeça.
c) Para um posto responder que recebeu a mensagem bem, basta transmitir a letra A. Enquanto não o fizer, o posto transmissor continuará a repetir a mensagem.
d) Quando se comete um erro na transmissão de uma letra de uma palavra, e se este for detectado antes de se transmitir outra palavra, é possível anular a palavra, bastando, para isso, transmitir o sinal de erro – os braços em posições simétricas da letra L.
9º Passo – Mais jogos
Depois do treino de transmissão entre postos, os escuteiros estão prontos para utilizar o homógrafo numa grande variedade de jogos. Em vez das habituais mensagens codificadas em papel, estas podem ser transmitidas às Patrulhas através de homógrafo – tarefas, enigmas, coordenadas, instruções, etc. A velocidade de transmissão e recepção em homógrafo pode ser o pretexto para uma competição entre Patrulhas.
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